Nestes últimos dias venho pensando no tema reprovação, acho que tem a ver com as questões de final de ano. Pensar no que fiz o ano todo e na forma como me esforcei para realizar as atividades. Refletir sobre nossos atos não é fácil, o tempo nos sucumbe, sentimo-nos afogados em tantos afazeres, que muitas vezes não damos conta, então começamos a pensar até que ponto vale a pena? Ou ainda melhor, por que não reprovar, ou por que reprovar...
Será que fizemos tudo que estava ao nosso alcance durante o ano, será que o fato de internalizar é difícil, ou fato de internalizar e conseguir demonstrar aos outros o que define nossa aprendizagem? Sinceramente, não sei. Sou melhor falando do que escrevendo, ou melhor observando do que falando, ou simplesmente não me encaixo?
Realmente este semestre mudou meu pensamento. Até então, pensava que reprovar poderia ser uma coisa boa, por que não, repetir algo para acrescentar e fortalecer nosso conhecimento, esse era meu pensamento. Nunca parei para pensar em como poderia ser difícil para alguns parar e pensar, até agora. Ao iniciar essa faculdade, achei que estaria mudando o rumo de minha história, estudaria como quisesse e faria as provas que estariam disponíveis para mim, na internet. Comentaria, tudo mecanicamente, como na escola normal. Foi quando me deparei com a reprovação de minha filha e de três dos meus alunos. E minha possível reprovação.
Não havia entendido até agora o sentido da reprovação. Ver minha filha estudando, indo para escola, lendo em casa, fazendo as atividades, indo aos reforços, e no fim REPROVADA. O professor me diz: "Ela está mais interessada no social do que nos estudos!", não consigo acreditar nessa afirmativa, pois acompanhei seu esforço durante o ano. Então comecei a me questionar, por que o professor Crediné busca em nós até a última gota da força que nos move. Não sei se é a resposta, mas acredito mais do que nunca que é preciso mudar esse pensamento de que o aluno não aprende. Aprende, mas não responde da forma que queremos. Responde através de movimentos, de modificações em sua rotina, essa é a essência da apresentação, do dizer por que e o que aprendemos.
O pouco que estudei sobre Freud me fez refletir sobre como pensa o ser humano, e achei os mecanismos de defesa incríveis. Pude perceber vários deles em mim, e nos meus alunos. Parar e escrever é que ainda não é um hábito meu, mas estou me organizando para isso. As mudanças são paulatinas, contudo estão acontecendo. Entretanto, até que ponto devemos relacionar a reprovação com a falta de aprendizagem? Acredito que tem algo mais além disso. Fazer de novo o que não aprendeu, pode ser uma alternativa, e muitas vezes não é necessário um ano inteiro para isso, apenas mais tempo. Contudo, é tarefa do aluno se organizar, mas quanto tempo é necessário para que o aluno aprenda a se organizar?
Dois de meus alunos repetentes, simplesmente deixaram de frequentar a aula, e outro deles a partir do momento que se afeiçoou a mim, quis estudar o máximo que podia para passar de ano, porém não evitei sua reprovação. Pergunto-me agora, o que fiz por ele esse ano todo que somente agora consegui despertar nele o interesse em estudar? Por que não o observei mais de perto ao longo do ano, para poder ajuda-lo da melhor forma possível. Sinto-me REPROVADA com relação a ele. Não sei o que fazer, nem como agir. No entanto, aprendi que devo mudar caminhos, dar um passo para trás para poder continuar em frente. Como disse, Freud me ensinou que tudo tem um porquê, basta voltar e olhar novamente com mais atenção.
Daí meu outro conflito, não há tempo para voltar e olhar novamente, com a escola nos moldes como se apresenta. Um ano letivo determinado em 200 dias não faz sentido, se o despertar aconteceu agora. Se o tempo aconteceu agora. Por que não seguir em frente? Por que fazer novamente? Por que não mudar, o que é preciso aprender? De acordo com os textos da história da educação é escola é uma reprodução maquinaria. Determinamos quem está apto ou não, minha pergunta é apto para que? Este meu aluno que reprovou sabe mais sobre aplicativos e tecnologia do que eu. Ele organizou todo meu celular em pastas, arquivos, programas que facilitariam a utilização do aparelho, mas não tinha o que era preciso para ser aprovado na escola, nota nas provas.
Este semestre ajudou-me a refletir sobre que tipo de professor quero ser, e que preciso mudar meu posicionamento frente ao ato de ensinar e aprender.