Linguagem: sua aquisição é igual para toda criança?
A linguagem é uma ferramenta social de contato. De acordo com Correa (1999), o ser humano parte de um estado que não possui expressão verbal, para incorporação informal da língua da sua comunidade nos primeiros anos de vida. Então, pensei em como uma criança com autismo poderia vir a adquirir a linguagem. Trabalho como professora de apoio de um aluno com autismo leve, e desde o início do ano venho tentando fazer com que ele desenvolva sua fala, que é extremamente restrita. Ao ler que o processo de aquisição da linguagem apresenta um padrão de desenvolvimento comum em diferentes indivíduos, resolvi estimular a fala deste aluno.
De acordo com Skinner para uma criança desenvolver a linguagem depende do ambiente em que está inserida, assim o estímulo-resposta-reforço faz parte de sua teoria. Já Chompsky acredita que todo ser humano tem uma gramática universal (GU) que é inata, independente do estímulo do ambiente. Pensar em aquisição voltada para o condicionamento, ou para a aquisição inata de forma individual não apresenta consenso entre os estudiosos. A teoria de Piaget, cognitiva construtivista, apresenta dados que desenvolve a linguagem através de uma inteligência completa, em que o indivíduo interage com o meio, com o objeto e a cultura. De acordo com Piaget é necessário desequilíbrio-assimilação-acomodação-equilíbrio para que haja aprendizagem.
Primeiramente, utilizei a teoria de Skinner, com estímulo-resposta-reforço para conseguir que meu aluno expressasse oralmente algumas palavras de seu cotidiano escolar, pois seu aparelho fonador não revela problemas biológicos. Diariamente, falava repetidas vezes o nome dos objetos para ele. Estes objetos são necessários para seu dia-a-dia como sentar, lanche, água, xixi, entre outras. Obtive sucesso em algumas delas, mas ainda estamos trabalhando no desenvolvimento da fala. Contudo, ele compreende perfeitamente bem as orientações expressas oralmente. Estamos traçando novas atividades para seu desenvolvimento oral. Para meu aluno esta teoria pareceu bem válida, mas acredito que com o tempo e o desenvolvimento ele vá precisar de mais do que apenas estímulo e resposta.
Referências
Correa, Letícia Maria Sicuro. Aquisição da Linguagem: Uma Retrospectiva dos Últimos Trinta Anos. D.E.L.T.A., Vol. 15, nº Especial, 1999.
Montoya, Adrián Oscar Dongo. Pensamento e Linguagem: Percurso Piagetiano de Investigação. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, p. 119-127, jan/abr. 2006.