terça-feira, 24 de julho de 2018

Aquisição da Linguagem


Linguagem: sua aquisição é igual para toda criança?



A linguagem é uma ferramenta social de contato. De acordo com Correa (1999), o ser humano parte de um estado que não possui expressão verbal, para incorporação informal da língua da sua comunidade nos primeiros anos de vida. Então, pensei em como uma criança com autismo poderia vir a adquirir a linguagem. Trabalho como professora de apoio de um aluno com autismo leve, e desde o início do ano venho tentando fazer com que ele desenvolva sua fala, que é extremamente restrita. Ao ler que o processo de aquisição da linguagem apresenta um padrão de desenvolvimento comum em diferentes indivíduos, resolvi estimular a fala deste aluno.

De acordo com Skinner para uma criança desenvolver a linguagem depende do ambiente em que está inserida, assim o estímulo-resposta-reforço faz parte de sua teoria. Já Chompsky acredita que todo ser humano tem uma gramática universal (GU) que é inata, independente do estímulo do ambiente. Pensar em aquisição voltada para o condicionamento, ou para a aquisição inata de forma individual não apresenta consenso entre os estudiosos. A teoria de Piaget, cognitiva construtivista, apresenta dados que desenvolve a linguagem através de uma inteligência completa, em que o indivíduo interage com o meio, com o objeto e a cultura. De acordo com Piaget é necessário desequilíbrio-assimilação-acomodação-equilíbrio para que haja aprendizagem. 

Primeiramente, utilizei a teoria de Skinner, com estímulo-resposta-reforço para conseguir que meu aluno expressasse oralmente algumas palavras de seu cotidiano escolar, pois seu aparelho fonador não revela problemas biológicos. Diariamente, falava repetidas vezes o nome dos objetos para ele. Estes objetos são necessários para seu dia-a-dia como sentar, lanche, água, xixi, entre outras. Obtive sucesso em algumas delas, mas ainda estamos trabalhando no desenvolvimento da fala. Contudo, ele compreende perfeitamente bem as orientações expressas oralmente. Estamos traçando novas atividades para seu desenvolvimento oral. Para meu aluno esta teoria pareceu bem válida, mas acredito que com o tempo e o desenvolvimento ele vá precisar de mais do que apenas estímulo e resposta.


Referências

Correa, Letícia Maria Sicuro. Aquisição da Linguagem: Uma Retrospectiva dos Últimos Trinta Anos. D.E.L.T.A., Vol. 15, nº Especial, 1999.

Montoya, Adrián Oscar Dongo. Pensamento e Linguagem: Percurso Piagetiano de Investigação. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, p. 119-127, jan/abr. 2006.

Centros de Interesse

Multidisciplinariedade e Desenvolvimento Global

Ovide Decroly


Estudiosos da Educação buscam por teorias voltadas ao auxílio do processo de ensino/aprendizagem e desenvolvimento infantil. Teorias pedagógicas são fontes de respostas às dúvidas e questionamentos sobre o ensinar/aprender. De acordo com Cinel (2004), Decroly realizou estudos sobre a psicologia infantil relacionados ao desenvolvimento da criança e preservação de sua liberdade. Em seus estudos, Decroly (apud Cinel, 2004), considera a vida mental de um indivíduo como uma unidade, por isso, sua concepção de estudos esteja voltada para multidisciplinariedade, sem compartimentação de disciplinas.

Os Centros de Interesse surgiram das necessidades da criança e sua realidade próxima. A alimentação, o clima, o desenvolvimento, a defesa contra perigos e inimigos são fatores que influenciaram a teoria de Decroly (Cinel, 2004). A definição de Amato (apud Cinel, 2004) define os Centros de Interesse da seguinte forma: "são agrupamentos de conteúdos e atividades educativas realizadas em torno de temas centrais de grande significado." 

As vantagens em relação a essa teoria estão ligadas a observação, associação e expressão realizada sobre a realidade do aluno, coleta de dados para levantar hipóteses de aprendizagem, construção de noções de aprendizagem que deveriam fluir sobre todo processo de ensino. Os professores então, devem estar atentos a formulação de objetivos, indicando estratégias para bons resultados, conteúdos relacionados as diferenças individuais e situações de experiência que desafiem a criança na participação ativa das atividades.

Centros de Interesse

 Referências

CINEL, Nora Cecília Bocaccio. Centros de Interesse: Estratégia utiliza multidisciplinaridade para o desenvolvimento global. Revista do Professor, Porto Alegre, n. 20 (78): 32-36, abr./jun., 2004.


sábado, 21 de julho de 2018

Consciência Fonológica

O que é consciência fonológica?

Ao buscar por atividades para realizar com alunos do quinto ano do Ensino Fundamental, fiquei me questionando se os mesmos já não teriam sua consciência fonológica construída, então, como as crianças criam essa consciência?

É na decisão da utilização da grafia que percebemos essa conscientização dos alunos, nas suas dúvidas e questionamentos referentes ao uso das letras. Assim, de acordo com Capovilla &Capovilla (apud Ávila, 2018), a consciência fonológica refere-se tanto à consciência de que a fala pode ser segmentada quanto à habilidade de manipular tais segmentos, e se desenvolve gradualmente à medida que a criança vai tomando consciência do sistema sonoro da língua, ou seja, de palavras, sílabas e fonemas como unidades identificáveis 

Compreender que os sons da fala estão diretamente ligados as letras do alfabeto e que sua união resultam em sons que expressam nossas emoções e necessidades resultando na comunicação, seja oral ou escrita, é passo fundamental para o desenvolvimento fonológico. De acordo com Fernandes e Rosado é necessário estar atento a alguns sinais que podem auxiliar no desenvolvimento da criança:

Sinais de alerta
Pré- Escolar:
• Fala tardia
• Linguagem muito infantil (falar “à bebé”)
• Dificuldades em pronunciar corretamente palavras
• Dificuldades em aprender e decorar canções, rimas e lengalengas
• Antecedentes familiares de fala tardia ou alterações na linguagem e fala
1º Ano de escolaridade:
• Dificuldades em detetar e discriminar os sons da língua (por exemplo quando a criança ouve “faca” e “vaca”, não identifica diferenças).
• Dificuldades em dividir palavras em sílabas e fonemas
• Dificuldades em associar as letras aos seus sons (por exemplo a letra S lê-se “ésse”).
• Dificuldades na leitura de sílabas e palavras, especialmente palavras complexas ou pouco usuais no seu dia-a-dia.
• Erros ortográficos no processo de escrita.


REFERÊNCIAS

FERNANDES, Iris. ROSADO, Sónia. O que é a Consciência Fonológica?  Disponível em: http://www.itad.pt/problemas-escolares/consciencia-fonologica/ Acessado em 21/7/2018.

ÁVILA, Ivany Souza. Consciência fonológica e a aquisição da linguagem. Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2457722/mod_resource/content/1/aula%20de%20consciencia%20fonologica%20completa.pdf Acessado em 21/07/2018.

domingo, 1 de julho de 2018

Base Nacional Comum Curricular

A BNCC vem com várias perspectivas para garantir os direitos essenciais para todos. A transformação, os debates, as habilidades e competências e a gestão democrática e participativa são alguns pontos importantes desse documento, que traz um conceito de educação voltado para:
"Processo intencional e organizado de aquisição do conhecimento, e de habilidades, desenvolvimento de atitudes e valores e da cultura bem como o desenvolvimento da capacidade de mobilizar, articular e aplicar estes recursos e lidar com emoções para encontrar a solução de problemas da vida dos estudantes."

Essas mudanças vêm ao encontro da construção de um sujeito crítico e de um profissional mais engajado e preparado para atuar nas várias áreas do conhecimento. E também alicerça os estudos de Paulo Freire com relação a alfabetização de adultos, em que esses vêm para escola solucionar problemas da sua vida e se afirmarem enquanto cidadãos.

A BNCC contribui para ampliar as questões avaliativas da escola e acabar com a visão unilateral da avaliação. Ferreira (2009) traz questões voltadas a uma abordagem mais humanista da avaliação,  em que o indivíduo é um ser único e total, e assim deve ser visto.

Ao ler esse texto e pensar sobre as políticas públicas da educação, percebo que cada vez mais estou atuando como uma professora mediadora do conhecimento, desafiando meus alunos e os auxiliando na construção de sua aprendizagem. Compreendendo a aprendizagem como um processo, avaliar o crescimento dos aprendente parece algo simples e complicado ao mesmo tempo, porque as crianças se desenvolvem diariamente, e isso é perceptível em suas colocações, questionamentos, escritas, fala, argumentos, etc.

A avalição mediadora parece ir ao encontro do que nos diz a BNCC quando afirma que a “educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza” (BRASIL, 2013).
Referências
Base Nacional Comum Curricular. MEC  Disponível em
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base acessado em 01/07/18.
FERREIRA, Lucinete Maria Souza. Retratos da avaliação: conflitos, desvirtuamento e caminhos para superação. Ed. Mediação, Porto Alegre, 2004.

Frei Bettto. Paulo Freire e a leitura de mundo. 
Fonte:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/col_3.pdf, acesso em 01/12/2007.


Tecnologias através do tempo

Em minha época escolar a tecnologia que possuíamos era a enciclopédia Barsa, também tínhamos máquina de datilografar, que esperávamos até a oitava série para aprender a utilizar, o xerox, o projetor, rádio e o mimeógrafo. Em casa, eu brincava na máquina de escrever do meu irmão, que fazia questão de lembrar que eu tinha que tomar cuidado, porque ele precisava dela para fazer seus trabalhos.

Na atualidade, computadores, smartphones e tablets estão tomando conta das crianças, adolescentes e jovens adultos. Os professores precisam se enquadrar às inovações tecnológicas para inovar em suas aulas. Com tanta tecnologia é difícil a escola conseguir se manter atrativa o que acaba desmotivando o professor e os alunos.

Em minha prática semanal, tenho um período de informática com meus alunos, momento em que aproveitamos para descobrir ferramentas úteis para nossas atividades diárias. Com isso desenvolvemos tarefas de pesquisa, fazemos apresentações, conversas pelo hangout, troca de e-mail entre outros. Assim, os alunos passaram a conversar com os colegas por via eletrônica, estão se desenvolvendo com mais ações e desenvoltura. E não é necessário esperar até determinada idade para ter acesso às tecnologias, porque elas estão ao acesso de todos, seja no mercado, no banco, nas lojas, etc.


Centros de Interesse

Decroly estudou sobre a psicologia infantil, o desenvolvimento da criança e a preservação da liberdade. Assim, as considerações da vida mental do indivíduo como unidade foram, por ele, apresentadas como um todo. Desta forma apontou para a globalização do ensino multidisciplinar e sem compartimentalização. Nasce aí os Centros de Interesse.

Decroly apresenta, de acordo com Cinel (2004), que as necessidades vitais da crianças são importantes para serem consideradas em sua aprendizagem como: alimentação; luta contra interpéries; agir, trabalhar solidariamente, descansar, divertir-se, desenvolver-se; defesa contra perigos e inimigos. Contudo, com os Centros de Interesse, essas necessidades não desaparecem, desloca-se para um significado em uma realidade próxima da criança.

Pensar sobre os Centros de Interesse em minha prática levou-me a refletir sobre as necessidades vitais de meus alunos, principalmente no que diz respeito ao frio e a alimentação. Nos dias de frio e chuva muitos alunos não comparecem às aulas devido à falta de roupa, alguns alunos vêm de bermuda, outros de manga curta. Na hora do recreio não querem ir para o pátio, porque o frio é intenso e suas roupas não são adequadas. Todos vão para o refeitório, contudo não conseguem comer muito, mas pedem se podem guardar o alimento para comer depois, ou em casa.

Como esses alunos vão se desenvolver academicamente com frio e fome? Para isso, formular objetivos que envolvam a realidade do aluno com vistas as suas necessidades é mobilizar a escola em conscientização de solidariedade. Um dos pontos a serem discutidos é justamente os pontos de vista para atingir o desenvolvimento desses alunos. Formular objetivos, selecionar conteúdos e proporcionar situações de experiência que desafiem essas crianças é fundamental para que o professor tenha sucesso em sua prática.



Referência

Cinel, Nora Cecília Bocaccio. Revista do Professor, Porto Alegre. N° 20. Abr-jun de 2004.



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