domingo, 1 de novembro de 2015

Aprender a ler e escrever

De acordo com Emília Ferreiro, as crianças são facilmente alfabetizáveis, acredito nessa premissa. Cito como exemplo meus filhos, que desde pequenos foram incentivados com histórias, brincadeiras, livros, passeios a feira do livro, entre outros.

Quando pequeno, Gabriel, gostava de ouvir histórias junto com sua maninha, Eduarda. A história preferida deles era "João e Maria", ambos identificavam-se com esta história dos irmãos que eram abandonados pelo pai, em uma floresta, e depois eram torturados por uma bruxa malvada, mas no fim conseguiam voltar para casa de seus pais. Acredito que ao contar essa história, eles pensavam em si próprios, passando por uma catarse significativa, porque passavam o dia na creche e depois voltavam para casa. Contei essa história por muitos anos para os dois, toda noite, e muitas vezes eles diziam: - mãe não é assim, essa parte é depois! - ´Parei de contar essa história para eles quando Gabriel mudou de escola e Eduarda ficou sozinha na creche.

Sempre brincava com eles de contar nos dedinhos, os meus, todos juntos, só os deles, uma mão de cada um, e assim por diante, ali já fazíamos continhas de adição e subtração brincando. Cantava música com eles, e os deixava brincar livremente, muitas foram as vezes que encontrei minhas paredes rabiscadas, os dois sujos até a cabeça de areia, terra, tinta e tudo mais. Andaram de bicicleta, skate, patinete, brincaram na chácara, alimentaram os bichos, enfim, criaram uma bagagem de mundo muito grande até entrar no mundo escolar.

Ambos alfabetizaram-se muito rápido, sinto por não ter guardado os textos da Eduarda, que eram tão lindos, quanto os do Gabriel. Acredito que crianças com várias vivências, experiências de mundo, letradas antes de entrarem na escola tenham um melhor desenvolvimento e facilidade para aprender. E certamente, a interação com a escrita, tendo histórias para contar e possibilidades de construir seu conhecimento a partir de sua leitura de mundo é muito significativo para a criança.


2 comentários:

  1. Olá Simone. Poderias descrever, apenas de alguns de teus alunos, os diferentes letramentos que cada um traz de suas vivências? Abç!

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  2. Trabalho com alunos de 5º ano, tenho sim alunos com letramentos diversos em minha sala de aula. Posso citar o Richard, muito esperto e ativo, tem a sua disposição vários tipos de tecnologia, faz atividades físicas como judô e futsal, é questionador e sempre busca resolver seus problemas. Quando encontra dificuldades solicita auxílio para mim, ou para o Lucas, seu colega e amigo. O Lucas, por sua vez, também tem um ótimo ambiente alfabetizador familiar, assim como o Richard, busca resolver suas atividades com atenção e pesquisa, sempre que tem dificuldades vem procurar por ajuda.
    Tenho também, uma aluna chamada Eduarda, que tem grande dificuldades em resolver e buscar solução para suas atividades. Não tem local adequado em sua casa para estudar, tem muitos irmãos e cuida dos menores. Então, diferente de seus colegas, ela não dispensa tempo fora da escola para estudar e nem tem quem a ajude em casa. Outra de minhas alunas, tem problema parecido com o de Eduarda, não há incentivo para o estudo, sua família passa por várias dificuldades, e nem sempre está morando junto com sua mãe. As vezes vai para casa da avó, e não vem para escola.
    Por fim, são alunos que estudam na mesma classe, mas com níveis de letramento diferente devido as suas vivências e oportunidades. É necessário incentivo das famílias para que as crianças se desenvolvam cognitivamente e em um ambiente adequado. Sendo assim, percebo significativamente as diferenças de vivências entre eles. Porém, as vivências que ambas apresentam com relação aos cuidados domésticos são significativamente muito mais desenvolvidas que a dos seus colegas.

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