Ao estudar sobre o atendimento especializado para crianças com necessidades especiais (AEE) assisti a um vídeo em que as pessoas contavam sobre a luta dos portadores de necessidades especiais e suas famílias para conseguir melhores condições de vida. Num passado não muito distante, era vergonhoso para uma família sair com seu "filho deficiente" na rua, então, essas pessoas eram levadas para instituições, ou permaneciam sob os cuidados de um familiar. Com o passar dos anos e através de estudos médicos e da garra de muitas famílias esse contexto está mudando. Aos poucos vem se rasgando uma carapaça de preconceito e estereótipo de que as pessoas portadoras de necessidades especiais não tem condições de participar da sociedade.
Os estudos apontam que o problema não são as pessoas que são limitadas, mas o ambiente que vivem que é deficiente, não atendem as suas necessidades. Passei a ver as coisas sob um novo ângulo. Em uma das escolas que atuo como professora tem um aluno cadeirante que nunca foi a biblioteca e nem a sala de informática, porque não tem acesso a tais ambientes. A escola é deficiente para esta criança. Como conceber algo assim? Lembro de ir escolher livros na biblioteca para ele, mas e o gosto pela leitura, e o prazer da escolha, essa criança é privada disso e ninguém pensa nisso. As pessoas acham normal ele não poder se locomover até esses locais, pois a culpa é da prefeitura que não colocou elevador na escola. Sempre há alguém para depositarmos a culpa.
Com isso, compartilho do pensamento de Amaral (1998) em que as diferenças são harmonizadas pela compensação "é negro, mas tem alma branca", atenuação "não tem uma perna, mas podia não ter as duas" e simulação "é cego, mas é como se não fosse". Concluo com uma frase de Izabel Maior - médica - que diz: A garantia de dignidade não depende apenas do corpo, mas do mundo em que vivo.
Referências Bibliográficas
Texto retirado de:
Rodrigues, Olga Maria Piazentin Rolim. Educação especial: história, etiologia,
conceitos e legislação vigente / Olga Maria Piazentim Rolim Rodrigues, Elisandra
André Maranhe. In: Práticas em educação especial e inclusiva na área da deficiência
mental / Vera Lúcia Messias Fialho Capellini (org.). – Bauru: MEC/FC/SEE, 2008.
Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas / Coordenação de Júlio Groppa Aquino. São Paulo, Summus, 1998.